13 de fevereiro de 2013

O Paradoxo do Varejo Farmacêutico

Um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica dos fatos, ou a uma situação que contradiz a intuição comum. Em termos simples, um paradoxo é o oposto do que alguém pensa ser a verdade. Nos últimos anos o que mais estou presenciando no varejo farmacêutico é um parodoxo sem igual. Vamos a alguns deles.

Primeiro Paradoxo: A maioria dos empresários do varejo farmacêutico não quer ou não gosta de investir em treinamentos para seus funcionários. Tenta justificar esse fato com vários motivos como: ‘no mercado em que atuo não precisa, não vou treinar meus funcionários porque eles podem ir para o concorrente, o custo é muito elevado, etc’. Porém, vejo várias demissões decorrentes de mau desempenho. Ou seja, os empresários querem que seus funcionários prestem um ótimo serviço mas não querem proporcionar a eles um aperfeiçoamento profissional.

Segundo Paradoxo: A marioria dos empresários do varejo farmacêutico não quer investir em marketing e propaganda. Muitos justificam esse ato dizendo que preferem não mostrar aos concorrentes como é sua política de trabalho ou de precificação de produtos, pois ficam preocupados em estimular uma concorrência mais acirrada. Porém, a cada dia que passa querem aumentar suas vendas e atender a um número maior de consumidores, mesmo não mostrando de forma correta seus produtos ou serviços a eles.

Terceiro Paradoxo: A maioria dos empresários do varejo farmacêutico não quer criar processos de gestão adequados. Muitos justificam que é um processo trabalhoso, que não há funcionários ou ferramentas adequadas para se conseguir bons resultados num processo gerencial. Porém, a cada fechamento mensal perguntam-se por que não conseguiram aumentar seus prolabores ou mesmo por que, novamente, sua empresa fechou no vermelho. Ou seja, não querem controles gerenciais mas precisam dele para entender o que aconteceu.

Quarto Paradoxo: A maioria dos empresários do varejo farmacêutico justifica que não conseguem pagar todos os impostos e, ao mesmo tempo, reinvestir em seu próprio negócio. Todos justificam que a cada dia que passa está mais difícil se manter no mercado. Porém, vivem perdendo dinheiro com formas de remuneração inadequadas com a atual realidade, permitem que suas farmácias possuam excedentes absurdos de estoque, não há controle correto de produtos sem giro e não há um controle eficaz de quanto se paga de juros e taxas para bancos.

Quinto Paradoxo: A maioria dos empresários do varejo farmacêutico diz que a concorrência e o Governo são desleais e que influenciam negativamente em seu negócio. Porém, em nenhum momento procuram pesquisar o mercado e a concorrência periodicamente, além de não quer estudar junto com seus contadores o melhor Regime Tributário que sua farmácia deveria estar. É mais fácil colocar a culpa em alguém do que estudar e entender um pouco mais do mercado e o Sistema tributário brasileiro.

Poderia citar mais alguns parodoxos que presencio todo dia. Mas o fato é que o ano de 2012 foi ótimo para o varejo farmacêutico. Houve um crescimento médio de 16% comparado com o ano anterior e um dos grupos que mais se destacou foi o de genéricos, proporcionando um aumento muito bom na lucratividade para quem soube trabalhar de forma correta esse grupo de produto. Mesmo com esse desempenho, escuto os mesmos paradoxos dos anos de 2011, 2010, 2009. Nada muda. Sempre há uma carga negativa e “desculpas” para justificar as várias dificuldades que aparecem no dia a dia.

Os empresários do varejo farmacêutico precisam entender que a cultura da profissionalização já é realidade. A cada dia que passa, para quem não está atento aos próprios paradoxos, estará perdendo mercado e fortalecendo seu concorrente. Treinar, investir, propagar, entender de tributação e mudar seu modo de agir e pensar se faz extremamente necessário no atual cenário competitivo.

É preciso não ter medo da mudança, não ter medo de inovar e ser persistente. Caso contrário, este ano de 2013 será mais um ano onde criaremos inúmeros paradoxos para justificar nossa falta de bom senso em ser mais profissional com o nosso próprio negócio.

Adriano Schinetz é Diretor e Consultor da Gestão Farma Consultoria e Assessoria.

Compartilhar via: