20 de outubro de 2014

Congresso do CRF-SP mostra a viabilidade da farmácia como um estabelecimento de saúde

Da Redação

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Engajado há mais de 20 anos para que a farmácia seja efetivamente reconhecida como estabelecimento de saúde, o CRF-SP aceitou o desafio de provar que é possível aliar saúde e empreendedorismo. Na última sexta (17), o I Congresso Farmácia Estabelecimento de Saúde reuniu farmacêuticos e estudantes de Farmácia de todo o país no Centro de Convenções Rebouças, na capital paulista.

Um dos destaques do Congresso foi a Palestra Magna: 10 anos da Política Nacional de Assistência Farmacêutica e a Farmácia no Brasil, apresentada pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro (na foto abaixo), que mostrou os avanços da assistência farmacêutica ao longo dos anos. “O consumo de medicamentos, muitas vezes, é realizado sem critério em nosso país. Por isso, a assistência farmacêutica é de extrema importância e deve ser trabalhada pelas secretarias municipais, estaduais, Ministério da Saúde e não apenas pela categoria farmacêutica”.

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Idealizador do Congresso, o Dr. Pedro Menegasso, presidente do CRF-SP, fez questão de enfatizar que a farmácia vive um novo momento e que é necessário quebrar o paradigma de que a farmácia não pode ser viável como negócio. “Podemos ter a saúde como nossa aliada. Estamos em um novo tempo de diálogo maduro com a sociedade e a classe política”.

O diretor de marketing da IMS Health, Lucas Akkari (na foto abaixo), deu início às apresentações. Ele destacou a necessidade de olhar para o negócio não apenas como venda de medicamentos, mas com uma atuação muito mais ampla. “É preciso entender o que o paciente busca. Aproveitar o potencial do que ele realmente necessita ao entrar em uma farmácia”.

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Outra ênfase foi na mudança de olhar do estabelecimento, já que 34% das vendas estão concentradas nos não-medicamentos. “O mix da loja deve ser adequado ao perfil de consumo do paciente. Os resultados serão muito melhores se analisadas essas necessidades”.

DEBATE
Entidades farmacêuticas, comércio varejista e governo federal protagonizaram o debate sobre a farmácia estabelecimento de saúde.

Os doutores José Miguel do Nascimento (diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde – DAF/MS), Rogério Lopes Junior (Febrafar), Walmir de Santi (vice-presidente do CFF), Renato Tamarozzi (diretor-executivo da ABCFarma) e Ronald dos Santos (presidente da Fenafar) mostraram seus pontos de vista a respeito da nova lei.

Os doutores José Miguel do Nascimento (DAF/MS), Rogério Lopes (Febrafar),  Walmir de Santi (CFF), Renato Tamarozzi (ABCFarma) e Ronald dos Santos (Fenafar)

Os doutores José Miguel do Nascimento (DAF/MS), Rogério Lopes (Febrafar),
Walmir de Santi (CFF), Renato Tamarozzi (ABCFarma) e Ronald dos Santos (Fenafar)

O consenso foi de que a Lei 13.021/14 foi um avanço para todas as partes. No entanto, é preciso aprimorá-la e, principalmente, colocá-la em prática.

Na oportunidade, o Dr. Rogério Lopes Junior, que é conselheiro da Diretoria-Executiva da FEBRAFAR, expôs alguns números relacionados ao crescimento do varejo farmacêutico no país, a evolução da FEBRAFAR neste contexto, bem como a eficiência do modelo de negócio representado pela entidade – o Associativismo.

ESTABELECIMENTO DE SAÚDE NA PRÁTICA

Dois painéis foram montados para mostrar aos participantes a viabilidade da farmácia como negócio, com foco na saúde e sem desvincular a prestação de serviços. Mediada pelo Dr. Antônio Geraldo, conselheiro e coordenador do grupo ‘Farmácia Estabelecimento de Saúde’ do CRF-SP, a primeira mesa contou com o Dr. Lucas Carneiro, proprietário de farmácia em Jacobina (BA), que destacou como sua farmácia tornou-se referência na região. “Fizemos visitas a médicos e dentistas, palestras nos bairros, carteirinha com os resultados dos serviços farmacêuticos, que eram levadas pelo paciente ao médico, entre outros”.

Já a Dra. Eliete Bachrany, que atua em uma rede em São Paulo, apostou na orientação em sala separada. “Não basta oferecer produtos, é necessário realizar atenção farmacêutica. Por estarmos próximos a hospitais, oferecemos atenção na área de suplementos alimentares, nutrição enteral e produtos para diabetes”. Por sua vez, a Dra. Aline Fernandes, de Eldorado do Sul (RS), apostou em acompanhamento farmacoterapêutico. “Somente no primeiro semestre, foram realizados 23.171 serviços sem fazer nenhuma divulgação”.

O segundo painel mostrou a experiência da Dra. Renata Saliba, do Espírito Santo. “Implantamos ações de parceria com a unidade básica de saúde local. Na campanha eram realizados entrevista, aferição de pressão e glicemia, orientação e exames laboratoriais para detectar quem precisava de acompanhamento e, com isso, dar continuidade ao trabalho”. Os resultados são marcados em relatórios para os médicos, ampliando a confiança.

A Dra. Silvia Storpirtis, farmacêutica da Farmácia Universitária da USP, apresentou o novo modelo de atuação para o ensino, a pesquisa e a extensão à comunidade em assistência farmacêutica da Farmácia Universitária da USP. “Em 2008, foram realizados estudos sobre o papel do farmacêutico recomendado internacional e nacionalmente para uma atuação pautada na atenção farmacêutica. “Foi uma mudança de paradigma, com foco no paciente e na promoção, proteção e recuperação da saúde e do uso racional de medicamento.”

Para finalizar, houve a participação da Dra. Marisa Miachir, CEO de seis lojas de uma grande rede de farmácias que, atrás de um sonho, montou uma farmácia para cuidar da população. “Queria praticar meus ideais pessoais e profissionais com perseverança, resiliência e atendimento humanizado. Apostamos em locação de produtos ortopédicos e hospitalares; perfumaria; dermocosméticos; atenção farmacêutica; treinamento e capacitação; e ações sociais.”

 
AUTORIDADES REUNIDAS

Participaram do primeiro dia os doutores Pedro Menegasso, presidente do CRF-SP, Ademir Valério, presidente da Anfarmag, Carlos Maurício Barbosa, bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, Tarcísio Palhano, assessor do CFF, Alexandre Magalhães, representante da Fenafar e Glicério Maia, presidente do Sinfar.

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Outro momento que merece destaque foi o lançamento do décimo Fascículo ‘Farmácia Estabelecimento de Saúde’. Com o tema “Cuidados farmacêuticos no tratamento de pacientes com depressão”, o fascículo é uma importante ferramenta oferecida pelo CRF-SP para que o farmacêutico esteja em sintonia com o que de mais atual há no momento sobre os mais variados assuntos.

Legislação e interações medicamentosas são alguns dos destaques. Todos os farmacêuticos irão receber em casa, mas também poderão, em breve, fazer o download pelo portal do CRF-SP.

SUCESSO ABSOLUTO

A programação do segundo dia do I Congresso Farmácia Estabelecimento de Saúde contou com abordagens voltadas para promover o estabelecimento e dicas de implementação de novos produtos e serviços. Para iniciar, o Dr. Marco Fiaschetti, consultor farmacêutico, especialista em Marketing e Gestão da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) apresentou a palestra “O que considerar para o posicionamento e a promoção da Farmácia como Estabelecimento de Saúde”.

Para ele, posicionamento é o ato de projetar adequadamente os produtos e serviços oferecidos de forma que ocupem um lugar distinto e valorizado nas mentes dos consumidores. “Eu preciso ter competência para administrar o negócio de uma maneira que a sociedade seja beneficiada”, enfatizou.

Logo em seguida, representantes da indústria transmitiram oportunidades em serviços e produtos para a Farmácia Estabelecimento de Saúde. Elson Tavares, gerente da Ada Tina, falou sobre o crescimento do mercado de dermocosméticos. “Estima-se um crescimento anual em 11,9% para os próximos cinco anos”. Pedro Dias, consultor farmacêutico do laboratório EMS, também expôs números positivos do comércio no país. “Hoje, a venda de genérico no Brasil chega a 21% e é consumido, em sua maioria (52%), pelas classes A e B, mas existe a promessa de crescer também nas demais classes”.

Cristiane Marques, gerente de propaganda médica da Eco Nutrition falou sobre o diferencial dos nutracêuticos e nutricosméticos para ampliar o mix de produtos no estabelecimento. “Ao todo, 67% preferem comprar nutricosméticos em farmácias ou drogarias”, afirmou.

No período da tarde, o Dr. Pedro Menegasso, presidente do CRF-SP, apresentou as mudanças práticas com a publicação da Lei 13.021/14. “Com a publicação da Lei 13.021/14, ocorreu uma profunda mudança no conceito de farmácia. Antes, a Lei 5.991/73 diferenciava a farmácia da drogaria e as conceituava como estabelecimentos de ‘manipulação e comércio’ e ‘dispensação e comércio’, respectivamente. Já a nova legislação define a farmácia como um estabelecimento destinado a prestar assistência farmacêutica e assistência à saúde”, ressaltou.

Segundo o executivo, essa nova farmácia possui três características essenciais. “Ela cumpre um importante papel social, contribui para o sistema de saúde pública e é viável economicamente, mas sempre com foco na saúde da população”, apontou.

Outra atividade marcante foi o painel “Novas possibilidades em serviços e produtos para a Farmácia Estabelecimento de Saúde”, mediada pelo Dr. Menegasso, que contou com a participação do Deputado Federal Dr. Arlindo Chinaglia; presidente do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Dr. Fernando Monti; professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Dra. Silvia Storpirtis; diretora da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH), Dra. Deusa do Carmo Stippe Sobra; representante da Feifar, Dr. Luciano Rena; e o Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, Dr. Carlos Maurício Barbosa.

No encerramento do Congresso, foi apresentada “a Carta de São Paulo”, que define dez características e qualidades para fazer com que a farmácia seja reconhecida como “farmácia 10 estrelas”. Para ter acesso à íntegra da carta, clique aqui!

Fonte: Assessoria de Comunicação CRF-SP

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