09 de junho de 2020

Como será o futuro da farmácia depois do novo coronavírus?

Uma live organizada pela Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro (Ascoferj) trouxe à baila uma provocação para as empresas do varejo farma. O tema Coronavírus: sua farmácia terá futuro? reforçou a importância de rever o mix de produtos, o modelo de distribuição e o posicionamento das marcas após a pandemia ser controlada.

O evento teve a participação de Paulo Paiva, vice-presidente da Close-Up; Vinicius Andrade, presidente da Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan) e Edison Tamascia, presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar). Todos foram unânimes em afirmar que o aumento do faturamento em março derivou apenas dos produtos relacionados com a Covid-19 e para aumento da imunidade, como antigripais, vitaminas e suplementos.

Já em abril, as vendas variam em função de fatores como localização da loja, delivery e venda online. “Exemplo disso é uma de nossas unidades, localizada na periferia de Campinas (SP) ao lado de uma casa lotérica. Com o pagamento do auxílio emergencial, nossas vendas lá aumentaram”, afirma Tamascia. Já nas lojas localizadas no centro da cidade, a receita despencou.

Para Paiva, abril é marcado por uma retração em muitas categorias de produtos nos quais houve a antecipação das compras, principalmente de OTC para estoque da farmácia domiciliar. “A tendência será a aquisição de produtos de uso contínuo, com incremento da prescrição de genéricos pelo menor custo”, ressalta. Ele também entende que haverá uma reacomodação do mercado em linhas constantes, pois as pessoas não compram medicamentos sem necessidade. “O que impacta é a perda de rendimento do consumidor em virtude do momento econômico e da paralisação do mercado..

Regularização de estoques da farmácia

Para o presidente da Abradilan, o grande desafio é conseguir regularizar os estoques da distribuição diante do aumento da demanda. Entretanto, Vinicius Andrade acredita que não haverá problemas substanciais de rupturas. “O lockdown na Índia e na China não terá um impacto muito grande na indústria. Pode haver atrasos na entrega de insumos e apenas rupturas pontuais”, comenta.

Já em relação ao adiamento do aumento de preços de medicamentos, Andrade explica que o aumento do dólar, a dificuldade em adquirir matéria-prima e a troca do modal marítimo pelo aéreo tem impactado muito nos custos da indústria. E isso começa a ser repassado com aumento de preços e redução de descontos para a distribuição.

O presidente da Febrafar faz uma alerta importante aos empresários do setor de farmácia que pensam em aumentar o estoque para evitar rupturas. “Trata-se de um momento de cautela. A antecipação de compras é arriscada, é hora de diminuir as despesas da loja o máximo possível”, acrescenta Tamascia.

Por fim, Paiva, da Close-Up, concluiu que passada a pandemia da Covid-19, o varejo farmacêutico com o um todo vai continuar crescendo e abrindo novas lojas. “Teremos uma economia mais baqueada, porém que não deve gerar uma crise institucionalizada. Há um volume enorme de investimentos em novos medicamentos para tratar a doença e isso vai chegar ao mercado. Podemos ter uma perda em um lado, mas um ganho enorme no outro”, finaliza.

Fonte: Panorama Farmacêutico e SBVC

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