18 de janeiro de 2024

Varejo farmacêutico apresenta crescimento menor em 2023 e tendência deve se repetir em 2024

O ano de 2023 encerrou mostrando um período desafiador para o varejo farmacêutico, já que segundo os especialistas da área, o mercado não atingiu o crescimento esperado. Isso acaba despertando muitos questionamentos sobre os rumos futuros. Contudo, é importante salientar que ainda assim, o ano foi de muitos aprendizados e de descobertas de novas tendências no setor.

Após um período de notável crescimento entre 2021 e 2022, impulsionado principalmente pela pandemia, que resultou em aumentos de dois dígitos repetidamente, o ano de 2023 se mostrou desafiador em termos de crescimento, mais especificamente o segundo semestre, ficando aquém das expectativas. No entanto, encerramos o ano com um crescimento que se aproximou de 10%, superando o PIB e outras métricas que analisam o mercado nacional.

Esta análise concentra-se no mercado farmacêutico em geral; contudo, na Febrafar, observamos um crescimento 40% acima da média do mercado, evidenciando uma performance sólida mesmo diante dos desafios.

Ao concluir o ciclo de 2023, fica evidente que o ano teve um desempenho positivo, mas alguns subcanais enfrentaram desafios significativos. Por exemplo, o setor independente registrou crescimento, porém muito abaixo da média do mercado, assim como as redes regionais.

O ano foi marcado também por recuperações judiciais, especialmente no varejo e na distribuição, indicando que empresas com dívidas elevadas e sustentadas por altas taxas de juros enfrentaram dificuldades. Esse cenário é preocupante, pois sugere que o setor está enfrentando certas dificuldades.

Já para 2024, a previsão do varejo farmacêutico é de um cenário de estabilidade, sem um crescimento expressivo acima da média deste ano. É importante ressaltar que se espera que os aumentos de preço dos medicamentos sejam menores em comparação com 2023, o que representa um desafio considerável.

Além disso, estamos passando por uma significativa transformação no comportamento do consumidor, nos meios e formas de compra e na concorrência, impulsionada por um processo acelerado de digitalização.

Nesse ponto, observa-se que apenas alguns grupos conseguem aderir a essa transformação. Sendo que parte do varejo, mesmo que quisesse, não tem disponibilidade de ferramentas e sistemas, e quando encontram são inacessíveis no ponto de vista de preço.

Dessa maneira, podemos antecipar que teremos um mercado segmentado: de um lado, teremos empresas que se destacarão em função da tecnologia e de compreender a importância e usabilidade dessas ferramentas; do outro lado, ficarão as empresas que, apesar de identificarem a importância, não terão a estrutura e conhecimento necessários para utilizar os recursos tecnológicos a favor do seu negócio.

Um fato relevante no varejo farmacêutico é a sua total auditabilidade, facilitando as tomadas de decisões, desde que haja acesso às informações necessárias. Também se observa uma tendência de as farmácias aumentarem seus espaços físicos, visando aumentar a oferta de produtos não medicamentos, em busca de aumentar sua lucratividade.

A venda desses produtos, especialmente dos setores de perfumaria, higiene, beleza e dermocosméticos, está se tornando cada vez mais relevante. Algumas farmácias estão ampliando o espaço das lojas e diversificando o mix de produtos, incluindo itens de conveniência, dessa forma, antecipando uma tendência de mercado.

Diante de todas essas transformações, surge uma grande oportunidade de crescimento para o associativismo, principalmente no mercado independente, que tem nesse modelo um caminho para se estruturar. Mas, como sempre afirmo, os desafios não serão maiores nem menores no próximo ano, apenas serão diferentes. E isso reforça a necessidade do pensamento coletivo para potencializar as conquistas. 

Edison Tamascia é empresário e atua no varejo farmacêutico há mais de 40 anos. Atualmente, preside a administradora de redes associativistas de farmácias Farmarcas e a Febrafar – Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias e é um dos principais divulgadores do associativismo do país.

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